Henrique Feist para muitos portugueses é a voz oficial de Son Goku, o protagonista de Dragon Ball. O ator deu voz ao Saiyan (Guerreiro do Espaço se for a vossa preferencia) quando este ainda era um pequeno e simpático rapazinho e acompanhou o personagem até este se tornar num pai e adulto de respeito. Pelo caminho também representou dezenas de outras personagens na série tais como, Son Gohan, Piccolo Daimao (Coraçãozinho de Satã original) Trunks, e diversos figurantes.
Contudo, o percurso de Feist começou bem antes de Dragon Ball, quando com dez anos, junto do seu irmão, Nuno Feist, participaram no programa Passeio dos Alegres. Pouco tempo depois gravou vários discos e, em 1985, conquistou o terceiro lugar no Festival da Canção. Em 1988, mudou-se para Londres, onde se especializou em teatro musical. Quando regressou ao nosso país no início de 90, adicionou as dobragens ao seu currículo e a representação de Son Goku fez com que a sua carreira descolasse devido ao enorme sucesso da série no nosso país.
Durante uma recente entrevista no podcast Era uma Voz com o Jornal Expresso, Feist referiu que Son Goku foi a personagem que mais o marcou e mesmo nos dias de hoje quando é abordado por crianças e adultos na rua recebe pedidos para imitar as personagens que deu voz na década de 90, algo que o surpreende porque Dragon Ball já não é transmitido.
Algo que também referiu foram as dificuldades financeiras que os atores de voz continuam a enfrentar no nosso país. De salientar que na época pós-Dragon Ball, o ator cantou inúmeras canções e deu voz a dezenas de personagens da Disney.
Num excerto da entrevista Feist comentou o seguinte:
Já não faço tantas dobragens porque tenho de sobreviver. Quando dobrei o Son Goku, a remuneração era justa. Hoje, o valor pago é insignificante.
A sua citação confirma a realidade que muitos profissionais do setor afirmam sentir. A indústria do entretenimento não lhes dá o devido valor e mesmo os fãs mais puristas das obras consideram que estas atuações são contraproducentes para o destaque e qualidade geral das mesmas. Umas vezes devido às vozes, porque naturalmente são bem diferentes, outras vezes porque a localização adota nomes que não correspondem aos originais.
Uma coisa é certa, é preciso louvar o esforço verdadeiramente hercúleo que atores como o próprio Feist, Cristina Cavalinhos, João Loy, António Semedo, Joaquim Monchique e tantos outros colocaram na série. Não só lhes deram uma identidade muito nossa, como com toda a certeza deram a própria alma para fazer as delícias de miúdos e graúdos e gerações que estão para vir e que já fazem parte das memórias, história e cultura de Portugal.
Se desejarem conhecer o fenómeno Dragon Ball e os princípios humildes das Dobragens no nosso país podem ler o artigo em baixo.