Horizon Zero Dawn: Complete Edition foi o primeiro lançamento da PlayStation para o PC, que na sua altura marcou as manchetes da especialidade com bastante controvérsia porque nada nem ninguém jamais imaginou que ícones da PlayStation como Aloy, Kratos ou Ellie iriam pisar outros solos além das consolas da Sony. Contra tudo e contra todos passados sensivelmente quatro anos e após vários lançamentos numa nova casa, Aloy regressa para fechar um ciclo, ou seja, a continuação do célebre jogo que iniciou tudo na plataforma modelar.

A história de Horizon Forbidden West começa 6 meses após os acontecimentos de Horizon Zero Dawn. Através da viagem de Aloy descobrimos a sua verdadeira origem e como é que se tornou numa libertadora apesar de ser rotulada como uma pária. Para os recém-chegados à série os párias são seres humanos descriminados por uma sociedade religiosa porque supostamente nasceram sem a “bênção de uma mãe”.

Embora os acontecimentos de Horizon Zero Dawn sejam bem mais profundos do que um simples parágrafo, a sua continuação consegue manter os jogadores minimamente informados sem mergulhar demasiado em spoilers do que aconteceu anteriormente caso queiram mais tarde revisitar a primeira aventura ou simplesmente desejem explorar de imediato o lado oeste deste deslumbrante mundo. Aloy é levada a explorar este lado do planeta porque este vive sob ameaça de uma praga que assola terras outrora férteis e para as restabelecer precisa de resolver um enigma deixado pela sua ancestral mais “direta”. Contudo, não vai ser uma tarefa fácil porque a jovem Nora vai ter de enfrentar máquinas ainda mais implacáveis e tribos selvagens. Felizmente não está sozinha e vai contar com a ajuda de todos os povos que salvou e inspirou na anterior aventura para conquistar os perigos deste cruel, belo e novo implacável mundo que também conta com a adição do DLC Horizon Forbidden West: Burning Shores.

Os ângulos e melhores animações retificam um defeito do jogo anterior

Creio que Horizon Forbidden West foi criado para atuar como uma continuação o mais clássico possível. Isto porque quando comparado ao anterior jogo estamos na presença de uma aventura muito maior, com uma história mais desenvolvida, uma protagonista com muito mais habilidades e um leque de novas máquinas. Devido a tanta novidade depressa senti congestionamento neste mundo e nos seus elementos, por alto senti que o jogo foi demasiado ambicioso ao ponto de por vezes perder o seu rumo, mas vamos por partes.

A estrutura mantém-se inalterável relativamente ao primeiro jogo e à maioria dos jogos em mundo aberto com Aloy a percorrer um cenário natural deslumbrante habituado por povos tribais sedentos de sangue e máquinas mortíferas que assolam as regiões. Como não podia deixar de ser, a sua viagem está longe de ser linear e julgo que é aqui onde reside o principal problema de Horizon Forbidden West.

Além de uma enorme quantidade de missões de jogo principais, o mundo de Aloy também está repleto de objetivos secundários. Estes novamente recorrem ao mesmo tipo de missões da primeira parte, ou seja, subdividem-se em provas nos campos de caça para receber “sois”, conquistar acampamentos inimigos para salvar rebeldes, entregar recados, participar em provas de combate e explorar ruínas antigas em busca de informações e objetos do velho mundo deixados pelos ancestrais.

Liberta os prisioneiros nos campos para estabelecer novas bases, recursos e aliados para a Aloy

Com uma variedade tão grande de missões e elementos é inevitável que os jogadores sintam desequilíbrio e fadiga numa fase prematura desta aventura. Este é um dos raros casos onde julgo que as missões secundárias existem em tanta quantidade que se tornam contraproducentes porque além de repetitivas, e por vezes confusas, são demasiado deslocadas umas das outras e como o mapa é gigantesco as viagens de ponto A a ponto B podem levar vários minutos com o jogador depressa a perder o seu rumo e história, embora exista a viagem rápida essa consome recursos valiosos, mas felizmente as montadas estão desbloqueadas desde o início.

Devido a estes e outros elementos julgo que Horizon Forbidden West levou demasiado a peito a sua era e onde a dimensão dos mundos abertos e variedade de elementos eram equacionados à sua qualidade. Como se não bastasse o jogo apresenta novos desafios em arenas e pontos de vantagem demasiado complexos, isto porque os jogadores precisam agora de unir uma paisagem inteira a uma localização. Também foi adicionada uma nova mecânica de cozinha e uma espécie de minijogo de xadrez com peças de máquinas que além de ser confuso não me conseguiu “prender”.

Infelizmente quer estes novos elementos como as missões secundárias adicionam muito pouco à história principal, que vos posso dizer é fantástica, está repleta de reviravoltas, novos vilões e confrontos com máquinas ainda mais mortais. Para os jogadores que desejem alcançar 100% no jogo podem crer que vão ter de juntar muitas mais horas às 35 horas que dediquei à história principal. Recomendo realizarem todas as tarefas opcionais no período de pós-jogo e nenhum conteúdo é “missable”.

Mas não foi só o mundo de Aloy que foi expandido, o seu reportório de habilidades também acompanhou a mesma tendência. O seu treino fez com que fossem adicionadas novas formas de atravessar territórios e conquistar máquinas mais perigosas. O sistema de escalada é muito mais orgânico quando comparado ao da aventura anterior e não se limita a caminhos delineados nos mapas, agora é possível subir em qualquer superfície se o seu relevo assim o permitir. Penso que estas abordagens herdadas do célebre The Legend of Zelda: Breath of the Wild, foram adicionadas porque o clássico da Nintendo Switch atribuiu muita verticalidade nos seus mapas e Aloy sentiu essa pressão. Também senti uma jovem menos robótica já que possui mais recursos para explorar mapas e contra-atacar as investidas inimigas. Além de um Planador, que também atua como escudo, também possui um gancho e outra grande novidade, um ataque extremamente poderoso que é ativado quando Aloy adquire uma determinada quantidade de carga no seu medidor, o mesmo atribui à lança da nossa heroína poder para ignorar defesas e destruir os escudos dos inimigos.

Os ambientes e melhores efeitos de luz e penumbra oferecem um jogo ainda mais belo

Embora estes sistemas atribuam alguma variedade, os combates continuam a ser maioritariamente ofensivos com combinações de ataques rápidos e fortes e esquivas em mecânicas que surpreendentemente priorizam meios para derrotar inimigos humanos ao invés de máquinas. Isto porque tal como na anterior aventura o jogo foi construído à volta das habilidades do arco e flecha da Aloy. A caçadora continua a poder fabricar setas de fogo, gelo e ácido para infligir dano e estados alterados aos inimigos para tirar partido da precisão, velocidade ou potência das mesmas. Continua a ser um deleite fazer zoom para destruir uma armadura ou inflingir dano crítico numa das zonas ou pontos fracos dos inimigos.

Por muitos recursos que o mundo de Aloy tenha as suas munições são limitadas, por isso os jogadores devem ter o hábito de criar e alternar entre munições específicas e armadilhas para infligir o máximo de dano aos inimigos. As máquinas são mortais e para as conquistar Aloy também tem de o ser, contudo, por vezes a melhor abordagem é a furtividade, e Aloy pode continuar a atirar pedras para chamar a atenção dos seus adversários enquanto se esconde nas ervas altas e outros relevos ambientais para derrotar os seus inimigos com um golpe crítico da sua lança.

O combate corpo a corpo continua também a ser focado através desta arma e os novos fossos de combate servem para os jogadores se acostumarem ao seu uso. Existem seis árvores de habilidades simultâneas focadas em cada “especialidade” da nossa heroína, desde guerreira até engenheira. Também foram adicionadas novas armas e armaduras, que podem ser modificadas nas bancadas de trabalho dos diferentes campos. No cômputo geral estamos perante um sistema de jogo bem requintado que julgo que alcança o seu potencial quando existem alvos diferentes para abater, podem crer que o catálogo de seres mecânicos que Aloy vai enfrentar ainda é mais vasto que o anterior.

Porém, por muitas novidades que Horizon Forbidden West tenha inserido nas suas mecânicas foi no mergulho que senti a maior. Além de modificar completamente o cenário do jogo também ofereceu uma riqueza sem paralelo ao título da Guerrilla Games, vou mais longe ao afirmar que o mundo aquático é tão vasto e emblemático, à semelhança do espaço celeste de The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, que atua praticamente como um novo mapa. Claro que Aloy não é a única a percorrer as águas, debaixo das mesmas vai ter de enfrentar poderosas novas máquinas aquáticas que neste jogo num modo geral deixaram de ser apenas baseadas em dinossauros.

Evidentemente que a direção artística do jogo ajuda, para além do design das máquinas, cada tribo e ambientes possuem os seus próprios elementos e os efeitos climatéricos são do mais variado. O mesmo podemos dizer da própria Aloy que está muito expressiva com um bom reportório de animações e pormenores incríveis, como o movimento extremamente natural dos seus cabelos ao vento. No entanto, o seu novo aspeto não me conquistou. Além de um físico mais robusto a sua cara ficou inchada, vai na volta e durante o hiato entre Horizon Zero Dawn Aloy foi picada por abelhas…mecânicas!

Felizmente o seu novo aspeto foi suavizado pela interação com outras personagens que para quem esteve atento à minha crítica em 2020 se deve recordar foi um dos pontos negativos que atribui a Horizon Zero Dawn. Os ângulos e animações de personagens foram vastamente melhorados tudo é menos repetitivo e robótico. O mesmo podemos dizer dos cenários que oferecem biomas muito mais vastos e variados, além das florestas e neve, Aloy vai percorrer desertos e praias em ciclos extremamente dinâmicos com carregamentos extremamente curtos devido ao parágrafo seguinte.

Divirtam-se com o modo de fotografia

Todo este requinte gráfico foi desfrutado na nossa tradicional build composta por um processador AMD Ryzen 9 5950X, placa gráfica NVIDIA GeForce RTX 4090 MSI Suprim X, 64 GB RAM a 3600 MHz e uma unidade Samsung 990 PRO NVMe M.2 SSD com as seguintes opções gráficas elevadas ao máximo (exceto os efeitos motion blur):

  • Dynamic resolution scaling
  • Upscale Technology (NVIDIA DLSS)
  • Texture quality
  • Texture filtering
  • Shadow quality
  • Screen space shadows
  • Ambient occlusion
  • Screen space reflections
  • Level of detail
  • Hair quality
  • Crowd quality
  • Terrain quality
  • Water quality
  • Clouds quality
  • Translucency quality
  • Parallax occlusion mapping
  • Field of view
  • Depth of field
  • Bloom
  • Motion blur strength
  • Sharpness
  • Lens flares
  • Vignette
  • Radial blur
  • Chromatic aberration

Não existem dúvidas de que a Sony Interactive Entertainment acertou em cheio quando decidiu adquirir a Nixxes Software para transitar os jogos de PlayStation 4 e PlayStation 5 para o PC. À semelhança da genial port de Marvel’s Spider-Man Remastered, a versão de Horizon Forbidden West: Complete Edition para o PC não só apresenta um leque de “presets” que emulam as versões PlayStation 4 e PlayStation 5 como um conjunto de opções gráficas e tecnologias super sampling proprietárias da NVIDIA, AMD e Intel. De salientar que na primeira semana de lançamento o jogo sofria de inúmeros problemas de desempenho e estabilidade quando eram acionadas as tecnologias NVIDIA Reflex e NVIDIA Frame Generation e sofria de crashes aleatórios e perdas de desempenho tremendas nas cutscenes. Felizmente, além de ambos os problemas estarem resolvidos com a mais recente atualização, também receberam outras correções com a luminosidade do HDR ser devidamente acionada. No entanto, com a ausência da NVIDIA DLSS3 pude descobrir o quanto esta pode contribuir para um jogo quando é devidamente implementada.

Sem o recurso da mesma o jogo, com todos os elementos elevados ao máximo na nossa build, o jogo foi executado entre 80 a 100 fotogramas por segundo, com a mais recente atualização Aloy combateu máquinas e os Tenakth entre 120 a 150 fotogramas por segundo com uma latência muitíssimo baixa apesar da geração de fotogramas colocar mais latência nos comandos por gerar fotogramas pela IA, claro que tudo apenas é possível quando também é acionada a tecnologia NVIDIA Reflex. Embora os utilizadores da AMD FSR 3 não tenham acesso à tecnologia já existe um Mod para a introduzir e o mesmo pode ser dito da última versão da NVIDIA DLSS 3 (NVIDIA DLSS 3.6) que reduz o efeito e melhora a nitidez dos ambientes e desempenho.

Naturalmente com a Steam Deck tive de descer os detalhes e desempenho, no entanto, não deixei de desfrutar de um jogo belo. A melhor forma que encontrei para desfrutar de Horizon Forbidden West: Complete Edition na portátil da Valve foi selecionar o preset ”baixo”, aumentar o nível de detalhe de texturas para médio e ativar o AMD FSR 2.2 com resolução interna a 30, e bloquear a portátil a 30 fotogramas por segundo para tentar manter o jogo o mais fluído possível. Na maior parte do tempo manteve essa quota, só mesmo ao visitar uma nova área é que a aventura de Aloy oscilou para a casa dos 20. Por alto não vão ter dificuldade absolutamente nenhuma em executar a epopeia da Nora guerreira na portátil da Valve, julgo que só vão ter problemas no armazenamento, 120 GB é uma quantidade bastante alta para acomodar no aparelho.

Contudo, foi com a ROG Ally que senti que estava com uma “PlayStation 5 nas mãos” porque a poderosa portátil da ASUS conseguiu executar Horizon Forbidden West numa resolução de 900p num misto de opções gráficas entre baixo e médio, com as sombras totalmente desativadas, a recorrer à tecnologia Intel XeSS 1.2 e a 25w. No entanto, e para evitar perdas de desempenho e possíveis crashes recomendo colocarem a Vram em “auto”. Muitos podem achar estranho não mencionar a tecnologia AMD FSR 2.2, num chipset RDNA 3, bem neste jogo senti a sua adoção ligeiramente mais nublada e a Intel XeSS pareceu atribuir mais nitidez por isso recomendo utilizarem a tecnologia da Intel para já. Quando comparada à experiência da Steam Deck senti na ROG Ally uma experiência muito mais robusta pois não só chip é vastamente mais potente como permite visuais ainda mais requintados entre 45 a 50 fotogramas por segundo na maior parte dos ambientes.

Fora da jogabilidade portátil e novamente para a secretária no conforto do meu lar pude desfrutar de uma das melhores adoções do comando DualSense até à data num jogo de PC, a melhor ainda pertence à última aventura de Ratchet & Clank na minha opinião. Para além da vibração e da utilização de gatilhos hápticos, que atingem todo o seu esplendor quando Aloy coloca tensão no seu arco, o vanguardista comando da PlayStation 5 também oferece resistência no arrombamento de fechaduras e emite sons, como o zumbido das setas elétricas ou a vibração da corda do arco ao disparar. Evidentemente que para desfrutarem de todos estes elementos devem ter ligado o comando a uma porta USB do vosso PC.

Também e tal como todas as outras ports da PlayStation para o PC, o jogo possui um enorme suporte para diversos idiomas onde além da celebre atriz de voz Ashly Burch que dá voz à protagonista, a aventureira e todos os seus intervenientes também falam em outras línguas tais como espanhol, francês, alemão e claro Português e Português do Brasil.

Não há dúvida de que num ponto geral técnico Horizon Forbidden West é uma das mais impressionantes e belas experiências dentro e fora do PC. O seu mundo é vasto e repleto de detalhes que mesmo passados dois anos ainda impressionam. A aventura de Aloy expandiu tudo o que a celebrizou anteriormente, desde história a jogabilidade passando por tarefas secundárias. Contudo, uma ambição desmedida com o desejo de polir todas as suas arestas de forma compulsiva fizeram com que o jogo perdesse um pouco a frescura e novidade do anterior. Estamos perante mais uma impressionante port da Nixxes que vai certamente fazer as delícias de um público vasto, tão vasto como o mundo e as ambições da Aloy e da Guerrilla Games.

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