Japonesas dizem que estão a ser pressionadas para ter filhos

Acho que a sociedade está a pressionar-me imensamente, como se me considerasse uma inútil por não poder ter filhos

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O Japão tem uma das taxas de natalidade mais baixas do mundo, bem como uma das maiores expectativas de vida, e um artigo no jornal The Asahi Shimbun, um dos cinco maiores jornais nacionais do Japão, revela que cada vez mais as japonesas se sentem pressionadas a ter filhos.

Com o primeiro-ministro Fumio Kishida a deixar claro que o apoio à educação dos filhos é a política mais importante do atual governo e que o problema “simplesmente não pode esperar mais”, o jornal reporta que as intensas campanhas para convencer os casais a terem filhos teve um efeito inesperado: cada vez mais mulheres acreditam que estão a ser pressionadas a ter filhos e ser mães.

O The Asahi Shimbun publicou estes relatos:

A escultora Nao Sawa, 46 anos, mora em Tóquio com o marido, um empresário oito anos mais velho que ela. Ela cresceu com o abuso verbal da sua mãe todos os dias. Então ela decidiu que nunca teria filhos na sua vida. Ela garante que “não sabe amar, então pode repetir o mesmo erro com os filhos“. Por isso mesmo, nunca sentiu inveja ao ver outras famílias felizes com filhos.

No entanto, ela sentiu uma pressão invisível de que deveria ter um filho. Quando um dos seus amigos lhe disse que ter um filho mudaria a sua vida para sempre, ela não pôde deixar de se sentir chateada. Foi só aos 40 anos que ela parou de se sentir pressionada. “Na minha idade, mais ninguém me diz para ter filho. Tomei a decisão de não ter filhos e agora parece-me ridículo procurar um motivo para não os ter“, declarou a mulher.

Por outro lado, uma mulher de 43 anos que trabalha como enfermeira na região de Kanto não pôde deixar de se sentir incomodada ao ler uma frase que estava a circular no Twitter: “Mulheres com mais de 40 anos e nunca se casaram são loucas”. Involuntariamente, ela sentiu-se aludida. Ela está na casa dos 40 anos, não é casada e não tem filhos. A frase descrevia-a perfeitamente. E é que quando ela tinha 32 anos, ela foi diagnosticada como infértil.

E sobre a intensa campanha do governo para combater a queda da natalidade, ela comentou: “Acho bom apoiar quem quer ter filhos”. No entanto, ela não sabe o que responder todas as vezes que lhe perguntam se quer ter filhos. “Acho que a sociedade está a pressionar-me imensamente, como se me considerasse uma inútil por não poder ter filhos“.

Antes mesmo de descobrir que era estéril, ela pensava que um dia teria um filho e o criaria. Recebeu comentários de conhecidos como: “Por que você não se casa?“; “Você não deveria estar a trabalhar o tempo todo”; “As suas colegas já vão ter o segundo filho”; por isso levou cerca de dez anos para dizer à mãe que nunca poderia ter filhos.

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CaioVictorFAD
CaioVictorFA
1 , Maio , 2023 21:06

Querem pressionar elas a terem filhos, mas e se elas não querem simplesmente? e também, QUEM VAI PAGAR AS DESPESAS, HUM!? falar é facil.

Last edited 1 mês atrás by CaioVictorFA
Hugo
Hugo
Reply to  CaioVictorFA
2 , Maio , 2023 8:15

pois é, só mais sarna pra coçar…

Dinis
Dinis
7 , Maio , 2023 10:49

Acho que as pessoas deviam começar a adotar filhos, quase 8 mil milhões e trazer mais um ao mundo.

RonanfalconD
Ronanfalcon
23 , Maio , 2023 18:07

Bom, a realidade da natalidade por lá gerou isto. Era mais do que óbvio que algo assim ia acontecer, e as pessoas que lá moram deveriam saber que seria assim.

Eu realmente não entendi como que tudo isto soou como se fosse incomum pra eles. Essa discussão de natalidade do japão, eu (que nem estou lá) ouço há quase 20 anos. Eu não ouviria (de novo, o eu, que não está nem lá) sobre isso por tanto tempo se não fosse algo extremamente relevante pra eles. E aí esta mulheres soam como se fosse alguma novidade.

Infelizmente, se eu considerar tais reações pra somar com o cenário, a coisa tá pior ainda do que já parece, pois ao invés de entender a situação, resolveram “tecer tais comentários”.

Eu não estou dizendo que alguém é obrigado, só estou ponderando sobre a coisa de “soar que foi de repente”. Não foi, e até eu sei disso.