Conhecido no Japão pelo nome Ys III: Wanderers from Ys em 1989 assim como Ys: The Oath in Felghana em 2005, Ys Memoire: The Oath in Felghana é a mais recente versão em formato remaster que transporta à essência do clássico RPG de ação da Nihon Falcom para as atuais gerações de consolas.
Começando pelas novidades, esta remasterização é basicamente um port do remake de 2005, introduzindo melhorias em alguns pontos que o tornam mais atrativo nas gerações atuais. Podemos verificar isto nos gráficos que em comparação com o anterior, apresentam visuais mais nítidos e cores mais contrastantes. Foram ainda elaboradas novas ilustrações para as personagens, apresentando um traço mais estilizado que se aproxima do estilo artístico dos Ys modernos sem perder o carisma do original. Obviamente que não dá para esconder que já passaram quase 20 anos desde o seu último lançamento, principalmente quando observamos as texturas dos cenários e das criaturas.

Sendo o som uma parte fundamental para imergir os jogadores em The Oath in Felghana, temos disponíveis três variações da banda sonora. A original, PC-8801 e X68000 para os jogadores que preferem sentir um efeito nostálgico, mas também uma versão totalmente remasterizada que invoca as faixas memoráveis e frenéticas deste jogo com o som em alta definição. Adol Christin, o protagonista silencioso da série YS, recebeu uma nova dobragem, que na verdade pouco acrescenta visto comunicar apenas com breves palavras. Quanto ao restante elenco, continua a ser notável a qualidade de voice acting tanto em inglês como em japonês. Conseguem perfeitamente refletir a personalidade e as emoções de cada personagem, em especial a dos protagonistas, Dogi, e os irmãos Elena e Chester.
O remake Ys: The Oath in Felghana foi lançado fora do Japão em 2012 no PC.
Neste remaster temos também integrado o modo “Turbo”, que se torna uma boa adição nas qualidades de vida do jogo quando estamos a explorar Felghana e a combater contra criaturas com o propósito de aumentar rapidamente o nível do nosso jovem aventureiro.
Apesar de promoverem Ys Memoire: The Oath in Felghana como uma edição definitiva, não deixei de sentir falta de alguns extras, como um botão que fosse direcionado para o mapa em vez de precisarmos de procurar dentro do menu o item em questão; mais detalhes nas texturas e teria gostado também de ver novas cinemáticas que fizessem sobressair os pontos principais da história.

Quanto à história, Ys Memoire: The Oath in Felghana coloca-nos em mais uma das aventuras de Adol Christin que regressa com Dogi à ilha de Felghana, onde depois de salvar a amiga de infância do seu companheiro, descobre que a população está a sofrer às mãos de um tirano e que um mal antigo está prestes a erguer-se. Para impedir que isso aconteça, teremos de desvendar os mistérios relacionados com o passado da ilha e enfrentar os vários desafios de cada região habitada por criaturas e os seus guardiões.
Para aprofundarem a narrativa do jogo têm disponível no menu “Museum” o prólogo do jogo.
Embora seja uma jornada relativamente simples e curta, a narrativa proporciona-nos momentos bastantes envolventes e bem estruturados, com diálogos de qualidade e personagens bem desenvolvidas. A aventura é guiada pelos habituais temas como a amizade e vingança. Além disso, cada personagem com que interagimos apresenta as suas próprias histórias, tornando a fantasia e os eventos deste mundo mais palpáveis e curiosos.

Um dos pontos de destaque em The Oath in Felghana é com certeza o seu combate. Focado na ação, neste título controlamos só Adol, que pode combinar ataques rápidos e fluidos com habilidades especiais que vai alcançando ao longo da aventura. A movimentação é igualmente rápida e importante para evitar os ataques enquanto executamos as nossas ações, exigindo atenção e uma boa percepção dos ataques inimigos.
Ao contrário do que vimos em Ys X: Nordics, as habilidades mágicas de Adol vão sendo conseguidas a partir de acessórios, podendo ser aprimoradas com um género de jóias que encontramos nas masmorras que vamos explorando. Estas habilidades especiais aumentam o nosso desempenho em combate e são essenciais para derrotar certas criaturas e chefes do jogo, podendo lançar bolas de fogo, ataques giratórios de ar, etc. Temos ainda uma técnica chamada Boost, que para além de ampliar a força dos nossos ataques, é uma excelente forma de recuperar vida e de evitar o dano dos inimigos. Por outro lado, estas habilidades são cruciais para ultrapassar os desafios ligados aos diversos ambientes do jogo durante a exploração.

Já a evolução de Adol é intuitiva e natural. À medida que ganhamos experiência a derrotar os inimigos, os nossos status, como por exemplo a força e a barra de vida, vão aumentando e tornando os desafios um pouco mais acessíveis. Melhorar os equipamentos que apanhamos ao longo da jornada é também importante, podendo ser melhorados na Blacksmith com as pedras Raval que recebemos durante as missões secundárias ou que apanhamos dentro dos baús escondidos nos cenários.
A luta contra os chefes, é um dos pontos mais interessantes de Ys Memories: The Oath in Felghana. Cada um deles exibe padrões e desafios únicos que testam as nossas habilidades e perícia em combate. Estas lutas necessitam de uma preparação, conseguindo ser na maioria das vezes muito intensas, especialmente nos chefes finais. Em suma, encontramos uma jogabilidade acessível, mas desafiadora, que consegue proporcionar uma experiência recompensante à medida que progredimos no mundo do jogo.

Ys Memoire: The Oath in Felghana é um daqueles exemplos que passado quase duas décadas continua a apresentar uma história envolvente e um combate desafiador. Embora este remaster dê a entender que a Nihon Falcom pretende preservar o legado tradicional da série, esperava encontrar outros pormenores nos gráficos e mais novidades nas qualidades de vida. É certamente uma versão criada para os fãs, mas também uma oportunidade única para receber novos jogadores.