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    Retronime – Vandread

    Retronime - Vandread

    Agora que está na moda mechas pilotados de maneira muito sugestiva entre homens e mulheres, vou passar a dar-lhes a conhecer ou recordar talvez o percursor de todo este conceito.

    Passaram-se centenas de séculos desde que o homem abandonou o planeta Terra, e partiu a conquista do espaço. Contudo esta viagem também separou as duas raças dominantes, o homem e a mulher, passando cada uma até a viver em planetas diferentes, Taraak e Mejere respetivamente. Mas esta separação está longe de ser pacífica, o universo vive agora uma verdadeira guerra entre sexos, ao ponto das duas espécies nem sequer conseguirem coexistir! É precisamente neste ambiente que conhecemos Hibiki Tokai, um jovem operário que vive na cidade de Tsarak. Certo dia este acaba preso num navio especial de alta tecnologia enquanto tentava roubar um Vanguard, (Robot pilotável de aspeto humanoide) alimentado por uma energia misteriosa chamada Pexis Pragma. Depois de diversos acontecimentos o próprio acaba envolvido numa batalha contra uma tripulação feminina, culminando num buraco negro que enviou Hibiki, e a tripulação feminina para uma parte desconhecida da galáxia. Durante este processo o Vanguard de Hibiki transformou-se e inexplicavelmente recebeu a capacidade de unir-se as naves da inocente e alegre Dita, da silenciosa Meia e da sedutora Elden, apelidadas de Dreads. Conseguiram Hibiki e os seus companheiros coexistir com a espécie mortal conhecida como, a mulher?

    Vandread foi um produto estranho como um todo nas suas duas temporadas, conseguiu ter tanto de cómico como de incrivelmente filosófico e humano. É certo que não faltaram momentos ecchi, como os habituais planos aproximados, toques inapropriados, piadas sobre a reprodução humana e órgãos genitais. Como não bastasse a junção da Nirvana com as Dreads (Vandread) Coloca Hibiki, Dita e Meia em poses no cockpit na mesma para lá de sugestivo. Por conseguir conciliar um lado cómico e inocente envolto no próprio enredo, contribuiu para uma execução e desenvolvimento de personagens muito bem conseguido. Inicialmente Hibiki, Bart e Duero, os únicos tripulantes masculinos sobreviventes da nave Izakuchi são mantidos como prisoneiros. No entanto face aos seus engenhos e qualidades, acabam sendo recrutados como soldado, médico e engenheiro. Pouco depois as mulheres da nave também vão confiando as suas dúvidas, sonhos e incertezas enquanto tentam sobreviver aos perigos do espaço. Chegamos aqui a um ponto que achei fantástico em Vandread, como inimigos souberam colocar as suas diferenças de lado e aprenderam a trabalhar em equipa.

    Com este condicionante as personagens adquiriram uma dimensão muito humana, deixando por terra, as mentiras com que viveram e vendo um reflexo seu numa espécie diferente. Impressionante também foi o seu elenco, o qual tivemos também tempo e espaço, mas para desenvolver cada uma das suas personagens bem como os seus motivos e as suas crenças, em especial vou dar-vos a conhecer uma personagem que emoldurou todas estas afirmações. Meia cresceu por odiar homens, até que Hibiki salva-a de um ataque inimigo. De poucas falas e sorriso inextinto, sabemos que perdeu os seus pais durante a evacuação em massa do seu planeta natal, desenvolvendo claustrofobia e vivendo anos recorrendo ao crime para sobreviver. Pela mão do destino consegue uma nova vida junto de Dita e do seu grupo, como sua comandante. Em batalha é fria e calculista, mas no seu interior esconde uma menina frágil, que tenta fugir do seu passado e acredita na bondade, finalmente seu tesouro é uma caixa com uma foto de família que resgatou da sua família enquanto ainda era criança. Quando descobrimos estes acontecimentos acompanhado da eterna faixa: What a Beautiful World, cantada por Loius Armstrong, contribuiu para uma dimensão muito humana e bem fora do que esperava encontrar num Sci-Fi espacial, e não pensem que apenas Meia é uma destas personagens tanto personagens principais como a Dita ou Elden ou secundárias do Ezra, todos tiveram o seu destaque e contexto, contribuindo para não só alimentar a história como o enredo. A história aos poucos também vai adquirindo uma maior dimensão. A primeira temporada é essencialmente uma viagem pela tripulação enquanto descobrem os mistérios do Pexis Pragma e as diferenças entre sexos. Na segunda temos uma nova tripulante do Planeta Plutão e a verdade sobre a dissertação da terra. Posso apenas dizermos-vos que temos uma dimensão muito ambiental e perturbadora neste enredo. Realmente só não gostei nada como Hibiki do nada causalizou e deu uma dimensão mais juvenil a um enredo atual e bem perturbante.

    Ambas as temporadas foram produtos da Gonzo. No departamento técnico temos um vendaval de emoções. A arte e desenho das personagens envelheceu muito mal, enquanto nuns episódios tivemos uma arte mais bem conseguida, noutros foi horrível não diria intragável, mas muito inconsistente. Também as técnicas CGI nas mechas e naves foram dotadas de um 3D muito estranho que causou um efeito muito artificial a obra, realmente e para manter o seu apelo gostava que pelo menos tudo fosse desenhado, por um lado compreendo estávamos no início do milénio e era quase imperativo mostrar novas técnicas de animação. Enquanto no grafismo Vandread dececiona, o mesmo não podemos dizer do seu compto sonoro, além das energéticas aberturas onde destaco a primeira Trust e do encerramento, Himegoto (Onde Hibiki percorre um caminho cheio de mulheres), as insert songs foram fantásticas. Além da já referida: What a beautiful World, junta-se Somedays por Donna Burke e Welcome Home entre muitos outros atuando como temas de personagens.

    Vandread passou pelo sistema solar português por intermédio da SIC em 2004, muito, mas mesmo abaixo dos radares de muita gente já que passava incrivelmente cedo, de segunda a sexta entre as 6 e 7 da manhã, desconheço se teve sucesso, mas quanto a dobragem lembro-me de gostar na altura estando até os temas cantados bem-adaptados e inseridos. Se são fãs de DARLING in the FRANXX, e desejam ver uma história inicialmente feminazi que depressa desenvolve-se em algo muito mais abrangente, belo e único, tanto Vandread como Vandread 2nd stage podem ser dignos do vosso tempo.


    Artigo enviado pelo nosso leitor Bruno Reis. Podem enviar as vossas reviews para o email admin@otakupt.com.

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 50 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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    Nuno Alves
    Nuno Alves
    11 , Julho , 2019 18:26

    Excelente anime.

    Nahel Filho
    Nahel Filho
    11 , Julho , 2019 18:27

    Merece uma continuação moderna, tal como ocorreu com o “Soukyuu no Fafner”

    Pedro
    Pedro
    11 , Julho , 2019 18:27

    Esse anime passava no animax.
    Bons tempos.

    JB
    JB
    11 , Julho , 2019 18:27

    adorei esse anime velho , bom e divertido.

    toygame lan
    toygame lan
    11 , Julho , 2019 18:27

    eu vi só uns 2 eps na epoca e nem terminei de ver kkkk
    Vou aproveitar as mini ferias e terminar de ver essa serie

    Marcio Hoglhammer Moreira
    Marcio Hoglhammer Moreira
    11 , Julho , 2019 18:27

    VANDREAD até hj é um show para mim, uns dos primeiros animes que peguei em VCD para assistir aqui no Brasil depois de GiTS SAC
    PS só corrigindo haviam SIM, outros mundos colonizados tanto por homens quanto mulheres JUNTOS

    farley franco
    farley franco
    5 , Julho , 2020 11:11

    VANDREAD , ta ai um anime que achei MUITO fraco no inicio , mais depois fiquei espantado com como a trama se desenvolveu , animação não era das melhores mais pela época e investimento saiu bacana, resumindo este velhinho e um anime incrível que explora muito bem o preconceito gerado na historia em diferentes formas,chamando a atenção sim para esse ponto e mostrando que e possível acabar com ele , e também lança uma ideia diferente para a época de onde a humanidade queria chegar visando o que aconteceu com os terráqueos originais. Não vou dar spoiler ,tenha paciência no inicio pois vai compensar.

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